quinta-feira, agosto 24, 2006


O Cabaré da TV

Eu sempre odiei quando meu tio ficava em frente a TV na casa de praia na hora da novela das 8 e dizia "Começou o Cabaré da Globo". Eu odiava ainda mais quando minha mãe passou a recitar aquilo como um mantra também, mas adorava assistir o folhetim, embora ela achasse que fosse o maior cabaré.
Mas eu venho aqui dar razão à eles. Isso mesmo, me rendi. Esqueçam a trama do Manoel Carlos, A Helena sem sal da Regina Duarte e todo aquele blá blá blá enfadonho de amor verdadeiro, mas que as pessoas passam a trama inteira corneando umas às outras. Hoje, especialmente, eu fiquei muito triste com uma das minhas séries preferidas.
Normalmente o protagonista é o "herói" ou "heroína" da história. Seus amores, seus dramas, seus sonhos e suas vitórias preenchem em nós um vazio que temos e nos deliciamos em viver a vida desse outro sempr em torcida pela felicidade. Como heróis, possuem boa índole, são corajosos e tem caráter. Como diz a Glória Perez "a mocinha tem que sofrer até o final para que o espectador sofra com ela e torça por ela". Bem, depois de hoje eu não torço mais por Meredith Grey.
Podem me chamar de moralista, visionário e até mesmo de inocente. Podem até tentar me provar que ela no fundo é uma apaixonada e o grande vilão da história é o Dr. Shepherd (se não me engano a tradução melhor seria "pastor", mas posso estar enganado e a preguiça não me faz ir ver no dicionário). "Oh nossa, o Dr. Derek Shepherd com seu olhar lascivo seduziu a boa e inocente Meredith Grey"! Balela, de boa e inocente Meredith não tem nada.
Não vou lembrar do que ela fez com George para poupar um pouco o falatório. Vou me ater exclusivamente ao season finale. Considerando alguns fatos:
- Meredith estava saindo com o McVet.
- Meredith e Dr. Shepherd "dividiam" um cão, o McDog (que morreu, o bichim).
- Meredith e Addison tinham cessado as animosidades e estavam se rspeitando como mulheres e profissionais. Muito mais da Addison, a SRA. Shepherd!
Entendo que o McVet fosse uma chance de esquecer o McSonho. Afinal, que ser-humano resisitira a um afago quando não se está bem? Nossa, Meredith não ter desencanado do Mc Sonho, entendo demais! Afinal a própria esposa disse "somente os dois não percebem que continuam apaixonados um pelo outro".
O que não me conformo é de Meredith ter dado a maior lição de moral pro Chefe, esclarecendo que ela sabia do caso que ele tivera com a mãe dela quando ela ainda era criança e que culminou na separação dos pais dela. Divórcio esse que transformou Meredith na mulher que é hoje, cheia de neuras por causa do pai, que ela pensava ter abandonado a família, justamente porque o que sua mãe fez a vida inteira foi mentir. Então ela diz pro chefe que ele ficou com a esposa porque achava que era o correto. Fora que a própria esposa, Adelle, demonstra que ela soube do caso que ele teve com a mãe de Meredith e que assim mesmo se calou e deu suporte para ele ser o profissional que é hoje porque o amava e fez o que achava correto pela família.
O próprio Shepherd tem essa atitude honrada em terminar o relacionamento com Meredith, e tentar reconstruir seu casamento com a ruiva tudo de bom Addison. Se não desse mesmo voltar com a esposa, esquecer o chifre ele pdoeria acabar tudo e estar livre para começar um novo relacionamento com quem quer que fosse.
Depois desse discurso de Meredith, ela ganha de presente uma chance de recomeço com o McVet. Então o que a "heroína" faz? Meredith Grey trepa com o Shepherd. É, trepa mesmo, currada em um leito de hospital, praticamente a vista de todos (foi encontrada pela grotesca Callie do George), ela deixou o McVet sozinho, porque não pode conter o impulso animal de se esfregar no Derek.
Que pena que antes os mocinhos e mocinhas dos filmes e novelas tinham mais integridade, respeito e atitude para si (principalmente) e para o próximo. Meredith Grey não é um exemplo que se deva espelhar e nem de sentir pena, pois ela sabe o que é certo e errado e não está nem aí para isso ("eu estava usando uma calcinha preta, você viu ela por aí?"). Não posso aceitar que a personagem principal de Greys Anatomy seja um exemplo a ser seguida e um modelo de mulher atual, de novo milênio. Até posso, mas não devo, seria transformar o feminino em descartável. Seria, mais ainda, igualar a mulher à patética condição masculina de se liberar o animal dentro de si, escravo do sexo, enquanto sempre foram senhoras supremas da integridade. Realmente, virou um Cabaré.

2 comentários:

Luiza Holanda disse...

preciso de mais informações antes do meu veredicto. :P
mas assim, belo post. argumentos muito bem defendidos.

chorou? :P
eu não tava no espírito. greys me mataria ontem.
obrigada pelo convite, meu amigo. de coração. ;)

beijo!

LANA NOBREGA disse...

é osso quando deformam alguém que vem sendo construído há meses...

sofri isso em Gilmore Girls [que foi o último seriado a que tive acesso] :P

Como lhe disse por telefone [depois do susto enorme que tu me pregou], eu não conheço ninguém aí não. Tudo um bando de estranhos para mim. Ou anônimos, que é para ainda pegar o mote da tua preguicinha... :]

No entanto, para variar, moço da oratória perfeita, o post está um brinco só!

E se você sentiu essa guinada da personagem querida, tem mais é que gritar a sua revolta sim.

Até porque isso não é nada legal para os sabem que essa não é a Meredith que conheceram. Que não é a Meredith e ponto.

E a única coisa que deve ser cabaré é a própria coisa. Tudo o mais que se transforme nisso é impróprio!

;]

Beijooo!!
E tu me deve uns caranguejos depois de hoje!!! :P
Hahahahhaha - eu tinha que tirar algum proveito da situação, né??? :D