terça-feira, novembro 03, 2009

a lei do uso


Não sou advogado, sou publicitário. O que entendo da lei do uso é do uso que fazemos das coisas. Não é o uso simples e eficaz de se usar um martelo, por exemplo. Nem o de usar uma idéia (coisa que no meu ramo a gente chama de chupada), ou uma frase. O que entendo da lei do uso é o uso que fazemos das pessoas e, sim, o que elas fazem de nós.
Todos nós usamos e somos usados o tempo todo. Usamos nossa mãe quando pedimos um copo d'água ou fazermos charminho pra ganhar algo (usamos ela tb durante nove meses, é verdade). E nossa mãe nos usa, quando pede para você fazer as compras ou dirigir pra ela. Todos somos usados e usamos o tempo todo. Eu uso o fornecedor que executa um trabalho para mim e ele me usa como forma de obter lucro. É uma forma de uso.
Os amigos se usam o tempo todo. Te usam quando pedem uma carona, um favor, um colo. São usados quando pedimos força, uma saída que eles não querem fazer, um abraço.
O ruim da lei do uso é quando as pessoas não aceitam que vão ser usadas de volta. Quando nós, ou eles (quem sabe?), acham que amizade não é dar nada em troca. Quando fecham em seu mundinho e só abrem quando precisam de você. Você se torna um veículo para que eles obtenham o desejado e eles se tornam, apenas para você, uma barreira. Um muro intransponível que parece incapaz de lhe acolher de volta. De lhe abraçar na hora que vc precisa desse uso.
E o que mais falta nesse mundo de hoje são pessoas capazes de pensar no outro, tanto quanto pensam em si próprio. Narcisistas de umbigo.

"O amigo é a resposta aos teus desejos. Mas não o procures para matar o tempo! Procura-o sempre para as horas vivas. Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio." [Khalil Gibran]

Um comentário:

Quertzacoalt disse...

Preciso urgentemente decobrir qual é a tua definição de juridiquês... =p
=D