terça-feira, maio 29, 2012

.: o silêncio :.

O que incomodava em Jonas não era o silêncio externo, que ele sempre dava um jeito de quebrar tagarelando sem parar, era o silêncio interno. O silêncio que calou o rapaz tagarela dentro de si. Mas estranhamente, ele aprendeu a gostar do seu silêncio, o silêncio de quem não tem nada para dizer ou, que não se importa mais. De fato, ele deixara de se importar com muitas coisas. Nem irritado mais ficava quando as pessoas queriam exercer suas vontades e opiniões, ficava calado. Esboçava um sorriso, um pouco irônico, mas permanecia calado. Até com Hipólita ele fazia silêncio, afagava sua barriga, passava a mão pelo seu pelo e ficava ao lado da pequena daschund fazendo companhia um ao outro. Ela latia serelepe quando Jonas adentrava em casa e em meio aos afagos fazia companhia no silêncio, curtindo a companhia de seu dono. O único silêncio que gostava quando era quebrado era na presença de seus afilhados. Ele gostava de conversar, e tentar entender, o que as crianças diziam e como funcionava o maravilhoso mundo delas, com as brincadeiras, os passeios, banhos de piscinas e seus super-heróis (que também eram de Jonas, afinal ele era culpado em dar esse mundo aos seus meninos). Então ele ria, e conversava e esquecia de que o silêncio existia, e que era bom.

Um comentário:

Fred disse...

São desses silêncios internos que também somos feitos... #fato!
E impossível não ler este post sem pensar em The Sound of Silence...

"And no one dare
Disturb the sound of silence..."