SER humano
Supermercado, 22hs. Parada obrigatória daqui de casa se chama Pão de Açúcar, todo dia se tem algo para comprar, nem que seja um pão, um queijo, um açúcar, qualquer coisa, ams é certo que todo dia a gente tem que passar no já íntimo P.A.
Hoje foi diferente, eram as compras para o almoço de comemoração do aniversário da minha mãe. Admito que essas "paradas obrigatórias" me irritam bastante, ainda mais agora que estou trabalhando dois expedientes e tem dias que estou deveras estafado, querendo o sossego da minha cama, olhando pro tempo.
Na nossa frente estava uma senhora bem humilde e reparei que suas compras eram tão simples quanto ela: 1 sabão, 1 garrafa d'água, 1 café, 1 açúcar, 1 leite de saco, 3 mangas pequenas (daquelas bem miúdas, que se tira debaixo da mangueira e se amassa pra chupar) e 1 pacote de bolacha cream cracker. Eu estava aguardando quando a ouvi dizer para a caixa que ela só tinha R$4,90, que ela passasse o que desse. A moça passou o sabão, a água, o açúcar e o leite de saco. "Não vai dar para passar o café?", perguntou a senhora que ouviu apenas um "lamento" da atendente.
Meu olhos se encheram d'água, não é justo, meu Deus, ter gente se privando de uma alimentação que nem é básica assim. Ainda mais uma pessoa de idade. Fiz sinal, pra moça do caixa passar o que faltava das compras dela que eu pagaria. A senhora puxou os R$4,90 e estendeu para a moça que disse que o moço, no caso eu, tinha me comprometido de pagar as compras, que ela não precisava pagar nada. Eu estava ajeitando as coisas no carrinho, a velha senhora pousou a mão em minhas costas e me agradeceu.
Eu apenas sorri, assim que ela saiu as lágrimas começaram a correr pelo meu rosto, o que chamou a atenção da caixa e da empacotadora. Não venho aqui para dizerem "Oh, como o JB é nobre!", "Nossa JB, você é um super cara!"ou "JB, você é um cara super sensível", longe disso. Muito longe mesmo.
Eu venho aqui pra contar isso apenas com um intuito de um brasileiro que quer ver seu país crescer. Que não quer viver em uma redoma impenetrável da classe alta e média da sociedade, que ignora o problema do povo.
E pedir, pessoas, ajudem o próximo a não passar fome. Sejam mais humanos a cada dia, é o mínimo que nós podemos fazer pelo mundo.