terça-feira, dezembro 22, 2009

pressa de tudo


Sabe, eu sempre fui uma pessoa que teve muita pressa. Pressa em crescer, pressa em brincar, pressa em amar, pressa em realizar e mais ainda, pressa em ser feliz.
Com o tempo descobri que ser feliz não tem pressa. Posso ter pressa em um monte de outras coisas, principalmente essas que citei acima, mas descobri nessa bagagem de trinta e poucos anos que não da para ter pressa em ser feliz. A felicidade a gente constrói com o hoje, todos os dias. Tem uma frase que eu gosto bastante e que a adotei como lema de vida. "A maioria das pessoas buscam tanto ser feliz o tempo todo que esquecem que a felicidade não está no destino, mas NA JORNADA!"
É a jornada que nos transforma. É a jornada que nos faz conhecer os mais variados tipos de pessoas e retirar de cada uma delas um aprendizado bom ou ruim, mas um aprendizado. É durante a jornada que nos moldamos e aprendemos como agir.
Ainda tenho pressa. Muita. De verdade. É a pressa de ver as coisas acontecerem, mas aprendi que não posso esperar o dia em que terei um salário maravilhoso e comprarei uma casa à vista ou o carro dos meus sonhos. A ordem da pressa é não esperar e sim, aprender a trabalhar ao lado dela.
Tenha pressa, mas não espere. Arrisque.
"Só entendi o valor do silêncio no dia que resolvi calar para não magoar alguém."

segunda-feira, dezembro 21, 2009

.: hipólita :.


Jonas era considerado uma pessoa amável, disponível, interessado e bruto. Sim, bruto. Ele odiava quando falavam isso e ficava com mais raiva ainda quando floreavam dizendo que ele não era bruto, apenas tinha pouca tolerância.
Por conta do seu temperamento e sempre se meter em assuntos que nem lhe diziam respeito, sua mãe achava que seria um bom advogado. Mas o ócio incomodava Jonas mais do que a injustiça e quando escolheu sua profissão queria uma em que tivesse algo diferente todos os dias, mesmo que tivesse que matar um leão diariamente.
Embora Jonas admitisse que gostava de brigar e defender seu ponto de vista ele hoje aos 30 anos estava longe de ser quem era aos 18. Alguns amigos de longa data admitem que ele está mais... tolerante. Pacífico, diriam alguns. Embora nunca tenha brigado de fato, com direito a socos e pontapés, ele sabia que sua língua, muitas vezes ferina, era sua maior arma.
Jonas não gosta, mas reconhece que perdeu o ímpeto. Perdeu a vontade de esbravejar, mesmo que continue se indignando com algumas atitudes. Principalmente em seu círculo de amizades. Não tolera mesquinhez e nem que um amigo deixe de conversar sobre o que o incomoda. Diz que não há nada que uma boa conversa não cure, melhor do que se esconder e ficar semeando achismos.
Embora costumasse guardar rancor e remoer a desilusão que tinha com as pessoas e, muitas vezes demorasse a perdoar, quando Jonas perdoava era de coração aberto. Tinha um grande amigo que passaram anos sem se falar, mas no dia que sentaram e conversaram parecia que esse tempo não havia passado.
Normalmente, quando Jonas estava triste com algum amigo, ele se recolhia para pensar e fazer um passo a passo mental buscando saber se havia errado e onde. Dava um tempo para a pessoa procurá-lo e, juntos, tentarem esclarecer as divergências. Nem sempre era bem interpretado, e isso o frustrava bastante. Quando chegava em casa desligava o telefone, tomava um banho quente e preparava uma dose de whisky. Sentava-se em sua poltrona cor de café, esticava as pernas e tentava fisgar um pedaço da lua pela janela do apartamento. Sempre que Jonas sentava na poltrona, sua cachorra Hipólita lhe fazia companhia em um desenfreado abanar de rabo. A daschund preta pulava em seu colo e com o focinho empurrava a palma de sua mão em busca de afago. Ali, por mais triste que pudesse estar com alguém, sabia que tinha uma amiga fiel.

domingo, dezembro 20, 2009

"Se existe vida após a morte, não me esperem, porque não vou."
[Frida Kahlo]

sexta-feira, dezembro 18, 2009

.: casual :.


A temperatura fria do quarto fez com que Jonas puxasse o lençol e cobrisse parte do corpo deixando os pés de fora. Era consciente, sempre tinha que deixar os pés de fora pois assim não se sentia sufocado.
O reflexo no teto de seu peito nu o desagradava. Não gostava da exposição do corpo e puxou o lençol mais pra cima, cobrindo seu torso. Cruzou os braços no alto do cabeça e ficou divagando enquanto ouvia o barulho do chuveiro.
De repente desejou não estar mais ali. Queria levantar pegar suas roupas e partir. Mais ainda, queria voltar no tempo e ter desejado nunca ter estado ali. Jonas puxou o lençol para o lado e se levantou. Caminhou até o banheiro e observou Lorena tomar banho. Voltou ao quarto, vestiu a cueca e a calça. Calçou-se.
Sentou-se na cama e ficou olhando para o tempo. Pensava em o porque estava ali, em um sexo fullgás de menos de duas horas. Lorena saiu do banho enrolada na toalha, subiu na cama e o abraçou pelas costas. Seus seios molhados roçavam em suas costas enquanto beijava sua nuca.
- Vamos embora. - Em um tom seco, Jonas virou-se e a beijou com ternura. Lorena o beijou com os olhos abertos e permaneceu sentada. - Tenho sono e ainda vou lhe deixar em casa.
A mulher de jeito brejeiro e cabelos levemente ondulados mordeu o lábio superior e levantou-se. Colocou a calcinha, o soutien, a blusinha amarela que Jonas havia lhe dado alguns meses antes e a calça jeans. Tornou-se a sentar e colocou as sandálias nos pés com delicadeza e rapidez. Jonas havia pago o quarto, segurou sua mão e entraram no carro. Ele roçava os dedos levemente nas mãos dela. Lorena permaneceu calada durante todo o trajeto até sua casa, limitava-se a roçar devagarinho a ponta dos dedos na mão de Jonas.
- Quando nos vemos de novo? - Perguntou Lorena olhando para os próprios pés sem abrir a porta.
- Não sei. - Jonas dobrava os lábios na boca, fugindo o olhar e esboçando um sorriso sem graça.
- Adorei hoje, de verdade. Adoro estar com você. - A moça segurou um pouco mais forte na mão de Jonas.
- Eu sei, Lorena. Também gosto de estar com você.
- Sabe, se gostasse mesmo namoraria comigo. Você sempre fica muito estranho, com pressa em ir embora. - Antes que Jonas pudesse falar algo ela o beijou e saiu do carro. Não olhou para trás, abriu o portão de casa e entrou. Jonas deu a partida no carro e saiu pensando nela. "Eu gostaria de acordar ao seu lado, Lorena."

.: o amanhã :.


Sentado em sua cama semi enrolado no edredon listrado, Jonas olhava fixamente para a parede. Queria colocar algo ali. Um quadro, talvez? Ou um adesivo com grafismos modernos. Talvez uma foto de família ou um espelho. O vazio o incomodava.
Jonas coça os olhos e boceja. As vezes lembra de quando conseguia acordar muito cedo- e dormir mais cedo ainda - e o quanto o volume de trabalho, o computador e a prorrogação que ele mesmo se impõe da hora do sono, fizeram aparecer várias rugas e uma olheira que insiste em não diminuir.
Jonas não era vaidoso, longe disso. Sua única obsessão era com os cabelos, se estavam penteados e bem cortados. Com a chegada dos trinta anos e a inevitável queda dos cabelos chegando, Jonas se preocupou um pouco (na verdade muito), mas relaxou quando percebeu que não ficaria careca. O volume diminuíra, mas ainda estava com o velho topete que o acompanhava desde bebê.
Levantou e arrastou-se pela beirada da cama tendo o cuidado de pisar primeiro com o pé direito. Sempre o pé direito. Para começar bem o dia. É um dos vários tocs que ele acumulou durante a vida, mas que não o incomodavam de viver. O outro era não deixar o chinelo virado. "Se não desvirar a mãe morre". E, desesperado, nunca o deixou dormir emborcado, virando instantaneamente.
Espreguiçou-se. Andou até o banheiro e viu o homem que se tornara. Estava longe de ser um galã, ou como dizia brincando "far far away". Mas estava satisfeito com o que via. Podia não ser belo, mas era sincero, leal e altruísta. Acima de tudo, Jonas acreditava no amanhã.

domingo, dezembro 13, 2009

o rumo da vida


Final de novembro consegui tirar alguns dias de férias. Notícia boa, principalmente para quem está acostumado a um ritmo tão grande de trabalho que já começa a ser chamado de workaholic pelos colegas de trabalho.
Sinceramente, hoje, o trabalho é minha vida. Ele me preenche por inteiro, não deixa minha cabeça vazia pensando besteira, me faz sentir útil e me deixa muito satisfeito com os resultados alcançados.
Sei que tem me afastado um pouco das pessoas, pois vivo furando saídas, não podendo estar presente em alguns eventos e até em datas importantes. Não sei se entendem, mas enfim, é uma escolha que fiz para poder no futuro tentar ter alguma estabilidade. Mas existe uma coisa boa nisso, eu passei a conseguir enxergar quem são os meus verdadeiros amigos. Aqueles que mesmo eu furando continuam me ligando para que eu saia com eles. Aqueles que mesmo eu sendo ríspido quando não posso atender uma ligação entendem e perguntam se está tudo bem. Normalmente eu respondo com um "agora está", e as vezes fico me perguntando se não deveria pedir desculpas por essa ausência.
Ontem mesmo conversando com minha Comadre perguntei o que ela queria que eu desse de presente para meus afilhados no Natal. Acho legal perguntar do que encher a criança de brinquedo podendo dar algo mais útil que eles estejam precisando e tirando esse ônus dos pais. Ela disse que pro J.A. eu desse uma toalha de banho (temática de super herói, óbvio), mas para o Petrus não precisava nada, ele não estava precisando de nada e ainda era muito pequenininho (o afilhado loiro tem 3 meses). Eu falei que queria dar algo, principalmente que com ele sou mais ausente do que fui com o J.A., que pegou o Dindão numa fase light. Mas tenho que me policiar, pois não devo querer preencher com coisas materiais minha ausência.
Foram somente dez dias de férias, ao lado de um amigo querido em que tive o prazer de apresentar meu Ceará. Me reaproximei de um amigo querido, que andava um pouco sumido e conheci um casal de paulistas muito bacanas. Amizade de férias viram verdadeiras? Espero que sim.
Foram dez dias bem intensos, com viagens e saídas e me perguntei várias vezes o porque pareceu tão pouco. Fiquei achando que eu vivi pouco esses dez dias. Preciso de mais? Certeza, mas não sei se terei outra oportunidade tão cedo. Quero voltar à Duna de Jeri, fazer uma oração no pôr-do-sol e pedir a Deus que continue me guiando pelo caminho do bem e me protegendo de todos os males. Sentir o calor do astro-rei tocar minha pele e me envolver na energia maravilhosa que ele emana.
Bruno, querido, obrigado pela companhia fantástica e desculpe qualquer coisa desse velho coração asgardiano.

foto: pôr-do-sol na duna de Jeri, por mim mesmo.

domingo, dezembro 06, 2009

.: a despedida :.


- Eu tenho algumas palavras sobre Jonas. - A moça loira apoiou-se no púlpito com as mãos levemente trêmulas. A multidão que lotava o recinto a olhava atentamente. - Eu poderia falar dos inúmeros bons momentos, de suas qualidades e do quanto sou agradecida por tê-lo conhecido. Mas estranhamente eu não vou. Tenho um segredo de Jonas para partilhar e me perguntei várias vezes no caminho se eu teria o direito de revelá-lo, pois tenho quase certeza que ele não sabia que eu tinha conhecimento do que ele mais escondia.
O silêncio deu lugar ao burburinho. "Que segredo era esse?" As pessoas se perguntavam o que a moça loira de grandes olhos verdes fazia ali na frente. Poderia ser insanidade ou simplesmente negação?
Jonas estava morto. Não era hora de honrá-lo? A moça loira permanecia calada segurando o púlpito com mais firmeza. As pessoas foram calando até que o borburinho cessou. Ela pigarreou limpando a garganta, em busca que sua voz não falhasse.
- Primeiramente eu gostaria de dizer que hoje é manhã de Natal. E por mais religiosa que eu seja e considere minha fé em Deus inabalável eu gostaria de dizer, e para isso eu peço licença so Sr. Padre aqui presente, que é de muito mau gosto alguém que amamos tanto partir na véspera de Natal. Se Deus pode me escutar agora, eu gostaria de pedir para que existisse uma lei universal para que as pessoas queridas não partissem nessa data. - Ouve-se um longo silêncio e algumas palmas começaram tímidas na multidão até tornarem-se fortes. Sim, todas as pessoas presentes achavam de mau gosto que no Natal existisse um momento triste.
- Segundo eu queria pedir perdão ao meu amado Jonas pelo que vou dizer agora. Somos amigos há muito tempo e juntos comemoramos esse ano seus 40 anos onde ele me confidenciou que seu maior medo era a solidão. Bem, uma pessoa que no dia de Natal consegue juntar tanta gente para sua despedida não poderia se sentir sozinha. Mas ele sentia a solidão, embora houvesse um grande mundo em sua volta. - Natalie fitou alguns amigos na primeira fila. Estavam olhando para ela com certa apreensão, mas não levantaram-se para impedí-la. As pessoas têm o direito de honrar os mortos em suas despedidas. - Eu sei quem Jonas era na verdade e tenho quase certeza de que ele não fazia idéia de que eu sabia.
O silêncio era quase sepulcral. Nem mergulhado na água, como Jonas gostava de ficar, o silêncio poderia ser tão denso. Embora o silêncio traga paz, naquele momento ele parecia cortante como uma navalha. Havia tensão e expectativa no que Natalie iria dizer.
- Jonas era na verdade um super-herói. E hoje estou com muita raiva dele porque ele não se levanta e ressuscita como os heróis fazem. - As pessoas começaram a chorar enquanto as lágrimas corriam fartas no rosto alvo de Natalie. - Não é justo que eu espere ele se levantar e sorrir para mim antes de me dar um abraço caloroso, daqueles em que eu me sentia extremamente protegida. Eu não sei se ele vai levantar pois eu nunca o vi de capa vermelha querendo singrar os céus de nossa cidade. Mas ele estava sempre perto com seu sorriso iluminado, suas palavras de conforto e suas ações capazes de tudo para nos ajudar. Jonas tomava o problema que você tinha, seja qualquer que fosse, e o resolvia de modo com que nos sentíssemos protegidos. Um leão. Um amigo que eu nunca vou esquecer e, juro, não vou deixar que esqueçam. Jonas era nosso Super-Homem particular e eu confesso que não sei como vou continuar a viver minha vida sem saber que não há alguém velando por nós.
Natalie sentou ao chão e levou as duas mãos ao rosto em um choro copioso. Seus amigos próximos, marido e filhos foram abraçá-la em prantos. O padre pegou o microfone suavemente e falou algumas palavras que não surtiriam efeito depois de um discurso tão sincero. O filho mais velho de Natalie andou calmamente até o padre e, com a autoridade e o respeito de seus 12 anos pediu o microfone.
- Eu gostaria de desejar a todas as pessoas presentes um Feliz Natal. Tenho certeza que todo mundo aqui levará um pedacinho do tio Jonas para casa, então eu não acho que ele morreu. Agora eu acho que todos nós poderemos fazer algo diferente com o que ele nos ensinou. Obrigado.
As pessoas aplaudiram o menino de olhos claros como a mãe com itensidade. Para Jonas, e agora para todos os presentes na sua despedida, a verdadeira mudança começa a partir de nós mesmos.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

"Não sei ...se a vida é curta
ou longa demais para nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas."
[Cora Coralina]

.: fechando os olhos :.


Quando comia algo que gostava Jonas costumava fechar os olhos. Sua irmã, quando criança, fazia caras e bocas imitando-o. Ele passou a se policiar, mas parecia impossível, sempre fechava os olhos. Um dia estava na casa de sua namorada e sua sogra o chamou para experimentar um bolo que havia feito.
A senhora cortou uma fatia generosa e colocou-a gentilmente no prato a sua frente. Jonas pensou consigo mesmo que não iria fechar os olhos. Segurou o garfo pressionando levemente os dedos e repetiu como um mantra "não fecharei os olhos" para si mesmo, repetidas vezes, enquanto cortava com o garfo uma lasca do bolo, juntava o creme da cobertura e o levava a boca.
- Que lindo. - Exclamou sua sogra enquanto levava as duas mãos ao queixo. - Você fecha os olhos quando come.
Jonas praguejou algumas vezes e sorriu sem graça. Tentou dizer que não fechava não, que era impressão dela e deve ter corado um pouco. Riu desconcertado, partiu novamente um pedaço de bolo com o garfo e juntou um pouquinho mais de creme da cobertura e o levou a boca repetindo o mantra de que não fecharia os olhos.
- Você fechou de novo. - sua sogra exclamava com uma risada.
-Devo realmente ter fechado. - Jonas sorriu desconcertado e consentiu que deve ter fechado os olhos.
- Meu pai fechava os olhos - ela disse segurando de leve sua mão. - E minha mãe dizia que achava lindo, pois ele realmente transmitia que gostava da comida dela.
- Realmente, esse bolo está divino. - E novamente com o garfo juntou um pouco de creme e o levou a boca sem a preocupação se fecharia ou não os olhos.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Uma vez li uma reportagem com a Sandra Bullock em que ela dizia que coisas boas acontecem para pessoas boas.

É verdade, viu?

domingo, novembro 29, 2009

"Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou."
[Maria de Queiroz]

sábado, novembro 28, 2009

"É preciso ter um caos dentro de si para gerar uma estrela."
[Nietzche]

sexta-feira, novembro 20, 2009

"Que Deus me proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu."
[Voltaire]

quarta-feira, novembro 18, 2009

.: a piscina :.


Fazia pouco mais de cinco minutos que Jonas estava com os pés mergulhados na piscina. Passava da meia noite de 31 de dezembro e ele não entendia o porque as pessoas achavam aquilo relaxante, sentia parte de sua perna molhada e a outra parte seca.
Jonas gostava mesmo de ficar submerso, com a água entrando em seus ouvidos e "ouvindo" o silêncio. A sensação de paz era grande e muitas vezes ele queria poder ser o Aquaman para respirar embaixo d'água e ficar ali para sempre.
A água era uma constante na vida de Jonas. Bebia litros por dia, adorava ficar embaixo do chuveiro, brincando com as ondas no mar e submerso na piscina.
Alguns fogos ainda estouravam tardiamente, as pessoas a sua volta bebiam e conversavam. Alguns ficavam parados olhando para o céu, contemplando-o. De repente Jonas salta e decide testar o fôlego mergulhado, tinha tomado algumas taças de vinho e de champagne para a hora do brinde. No fundo da piscina está o silêncio absoluto, não há o barulho dos fogos estourando, nem da risadaria das pessoas, apenas ouve-se muito ao longe a música alta, quase imperceptível. Ouvindo um leve estrondo Jonas abre os olhos que ardem um pouco por conta do cloro. Seu primo estava ao seu lado. "Ta se afogando?"
Jonas riu. "Não, estou fugindo". O menino sardento e riso aberto riu e perguntou de que ele estava fugindo. "Do mundo". Respondeu Jonas. Ficaram os dois mergulhados na piscina por horas, até os dedos ficarem engilhados, com a ausência de som, ouvindo o silêncio.

terça-feira, novembro 17, 2009

"Desistir não é nobre. E arduamente, não desistimos."
[Caio Fernando Abreu]

segunda-feira, novembro 16, 2009

.: divagações na chuva :.

O caminho para o trabalho era até fácil. Normalmente não passava mais de quinze minutos no trânsito, mesmo engarrafado. Aquela segunda-feira era diferente, já fazia mais de vinte minutos que estava praticamente parado em uma das principais vias da cidade. Ficava divagando que se tivesse perto da orla poderia ficar vendo o mar. O vai e vem das ondas, os barcos de pesca, os meninos jogando futebol na areia... essas simples visões do cotidiano lhe acalmavam. Muitas vezes pensava em quando era criança e queria ter aproveitado mais por morar tão perto da praia. Poderia ter aprendido a surfar, mas achava meio ridículo tentar isso com seus agora trinta anos.
O dia estava cinzento e de repente as gotas começaram a cair no vidro do carro. Ele pensou em praguejar, pois havia tirado o carro há menos de uma semana da concessionária e gostava do cheiro de carro novo. Tinha medo que a chuva fizesse o cheiro sair mais rápido.
Olhou de relance para o pegeout prata estacionado ao seu lado. A mulher loira, também na faixa dos trinta anos, apaga o cigarro com pressa e o joga pela janela. A chuva começa a engrossar e a mulher liga o limpa vidro fazendo ar de impaciência. Jonas aproveita o carro parado para ficar olhando as gotas de chuvas correrem irriquietas pelo vidro. Quando aciona o limpador esboça um leve sorriso achando que as gotas parecem fugir, querendo permanecer na superfície lisa.
Jonas também havia passado muitos anos da sua vida assim, fugindo do que o magoava, não encarando de forma direta o que o fazia se sentir triste e melancólico. Fazia pouco mais de dois anos que quisera começar a encarar e resolver seus dilemas. Exorcizar seus próprios demônios, ele dizia. Estava longe de ser o rapaz alegre da adolescência e do início de sua vida adulta, mas agora ele não fugia mais como as gotas de chuva no painel do carro.
O trânsito voltava a andar, de longe viu dois homens empurrando um velho corcel bege para o estacionamento de uma loja. A mulher do pegeout prata ficou para trás, limpando com rapidez a chuva que caia forte.

domingo, novembro 15, 2009

.: os desejos ao nascer do sol :.


Fazia dias que ele acordava cedo para ver o sol nascer. Não que tivesse uma vista fantástica de sua varanda, mas da janela do seu quarto podia ver uma fresta da bola incandescente que iluminava a escuridão pouco a pouco.
Pedia em uma pequena prece a Deus para aquele ser um dia mágico. Queria encontrar o amor da sua vida, esbarrando sem querer em uma esquina. Ela sorriria para ele e ele arriscaria convidá-la para um café. Ganharia um aumento. Seu esforço enfim seria reconhecido e teria um aumento no salário. Não tão grande, mas também não tão pequeno. Um na quantia certa, que não se achasse demais por estar ganhando tanto dinheiro e que pudesse pagar suas contas e desejos com alguma folga. Também queria pedir para sair cedo do trabalho e caminhar na orla quando o sol se punha. Fazia anos que não fazia aquilo, tinha medo de sentar na areia e ser assaltado e levarem o celular, máquina e a correntinha de ouro de estimação que ganhou de sua tia mais velha quando nasceu.
Então o sol nascia como nos outros dias e Jonas o fitava com sua prece. Em seu íntimo ele sabia que nenhuma daquelas preces se realizaria. Estaria assoberbado de trabalho, como sempre, e esqueceria de sua vida pessoal. Esquecera o quanto era ruim caminhar na orla ao entardecer, como o vai e vem de pessoas que lhe tiravam a visão do mar e o deixavam neurótico com sua segurança.
Sim, aquele seria apenas um dia como todos os outros tem sido em sua vida. Sem surpresas. Sem realizações. Sem mágica.

quinta-feira, novembro 12, 2009


“Contos de fadas não dizem às crianças que dragões existem. As crianças já sabem que dragões existem. Contos de fadas dizem às crianças que dragões podem ser mortos.”
[G. K. Chesterton]

quarta-feira, novembro 11, 2009

Quertzacoalt meets Asgard's Kingdon.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Palavra nova

Essa semana aprendi uma palavra nova: "edutenimento".

Ela alia educação com entretenimento.

Alguém me mata? Alguém tem uma faca?

alguém?


quinta-feira, novembro 05, 2009

A culpa é do cartório, seu dotô

Esses dias recebi um ofício em minha mesa e assim que pus os olhos liguei para o remetente.

"Sheila?"
"Oi. Recebeu meu ofício?"
"Recebi. Quem assinou?"
"Fui eu."
"Foi você? Tem certeza?"
"Tenho sim."
"Me diz como é que você assina um documento sem ler!"
"Sem ler? Como assim, fui eu que redigi!"
"Aqui ta escrito C-H-E-I-L-A. Com 'C' !"
"É com 'C' mesmo... é que eu tenho vergonha e coloco com 'S', mas como era documento oficial eu coloquei como na identidade..."
E nessa hora rezei pro chão abrir. Ou o 'shão'.
Mas não abriu.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Icarus


Tem dias que eu queria sentar na ponta. Na beiradinha mesmo. Do precipício, de um prédio, de um abismo, mas eu preciso mesmo era sentar na beirada da minha vida. Sentar na beirada não é necessariamente cair, é se jogar. Abrir os braços e sentir que é livre. Despencar pelo céu como Ícaro. Desejar não voar.
Encarar a realidade de frente, mas com a frieza racional de quem não está vivendo a própria vida. As vezes é tão mais fácil ajudar o outro do que a si mesmo (pelo menos para quem não é egoísta), vendo de fora, com o olhar de um mero observador.
Então uma hora, contra tudo, e todos, você tem que olhar o abismo para ele olhar de volta para você. Existe um momento nessa troca de olhares em que você finalmente compreende o entendimento. É como um estalo. Sabe quando você ouve dizer que no momento da sua morte a sua vida passa diante dos seus olhos? De repente as dúvidas fazem sentido e deixam de ser dúvidas, pois passam a ser compreendidas. Você as observa e as entende.
Infelizmente isso só ocorre no momento do salto. É preciso arriscar demais?

terça-feira, novembro 03, 2009

a lei do uso


Não sou advogado, sou publicitário. O que entendo da lei do uso é do uso que fazemos das coisas. Não é o uso simples e eficaz de se usar um martelo, por exemplo. Nem o de usar uma idéia (coisa que no meu ramo a gente chama de chupada), ou uma frase. O que entendo da lei do uso é o uso que fazemos das pessoas e, sim, o que elas fazem de nós.
Todos nós usamos e somos usados o tempo todo. Usamos nossa mãe quando pedimos um copo d'água ou fazermos charminho pra ganhar algo (usamos ela tb durante nove meses, é verdade). E nossa mãe nos usa, quando pede para você fazer as compras ou dirigir pra ela. Todos somos usados e usamos o tempo todo. Eu uso o fornecedor que executa um trabalho para mim e ele me usa como forma de obter lucro. É uma forma de uso.
Os amigos se usam o tempo todo. Te usam quando pedem uma carona, um favor, um colo. São usados quando pedimos força, uma saída que eles não querem fazer, um abraço.
O ruim da lei do uso é quando as pessoas não aceitam que vão ser usadas de volta. Quando nós, ou eles (quem sabe?), acham que amizade não é dar nada em troca. Quando fecham em seu mundinho e só abrem quando precisam de você. Você se torna um veículo para que eles obtenham o desejado e eles se tornam, apenas para você, uma barreira. Um muro intransponível que parece incapaz de lhe acolher de volta. De lhe abraçar na hora que vc precisa desse uso.
E o que mais falta nesse mundo de hoje são pessoas capazes de pensar no outro, tanto quanto pensam em si próprio. Narcisistas de umbigo.

"O amigo é a resposta aos teus desejos. Mas não o procures para matar o tempo! Procura-o sempre para as horas vivas. Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio." [Khalil Gibran]

quarta-feira, outubro 28, 2009

As vezes eu queria chegar ao fim do dia, servir uma grande taça de vinho tinto e me desligar do mundo. Quem sabe tomar uma grande resolução de vida.

quinta-feira, outubro 22, 2009

"Queríamos ser épicos heróicos românticos descabelados suicidas, porque era duro lá fora fingir que éramos pessoas como as outras." [Caio F. Abreu]

quarta-feira, outubro 14, 2009

impressionismo trabalhista

Eu fico impressionado em como existem pessoas pequenas com bons empregos. Não só empregos, mas salários, maridos/esposas, etc. Muitas vezes fico observando se os cônjuges possuem o mesmo nível de caráter, são piores, fingem que não vêem ou simplesmente não estão nem aí. Pessoalmente eu não acredito que alguém consiga se relacionar (como cônjuge ou chefe) com alguém que sempre tem atitudes mesquinhas, depreciativas e sem trabalho de equipe.
O grande dilema é: Como essas pessoas obtém sucesso? E o pior: Porque?

terça-feira, outubro 13, 2009

"Há ladrões que não são castigados, embora nos roubem aquilo que é mais precioso: o tempo."
[Napoleão Bonaparte]

segunda-feira, outubro 05, 2009

um lorde



Hoje eu tomei uma decisão que já devia ter tomado há algum tempo. E antes que comecem os achismos eu vou logo explicar que sim, tem haver com a Sardenta. Não, eu não consigo tirá-la da minha vida. Também não vejo o porque disso, já que amor e respeito andam juntos. Ela pode não querer me amar, mas nem por isso eu vou desejar que ela seja infeliz. Muito pelo contrário, desejo que ela seja feliz, e muito.
O fato é que nesses quase dois anos que levei o fora eu tenho andado triste. Sim, triste. Qual é o problema? Mas nem porque estou mais sensível do que o costume isso quer dizer que tenha virado gay ou coisa parecida. Dois anos são muito pouco para esquecer alguém que você amou (e alimentou esse sentimento) durante dez anos. E sim, eu também me sinto um idiota completo quando falo ou escrevo dez anos. Principalmente porque eu quis viver isso. Foi uma decisão consciente amar e esperar por ela, que acabou nunca vindo, na verdade.
Para os desesperançosos que acreditam em final feliz eu alerto: o filme não acabou! Poderá mudar de mocinha, mas ele não acabou! Esse coração pode estar meio desiludido, mas ele ama e, ainda acho, ele é capaz de amar de novo. De forma diferente, claro. Mais madura, mais tranquilo, mais centrado.
Voltemos a minha decisão. Sardenta postou fotos no orkut de suas férias e o orkut me avisou que tinha novidade na página dela (aquela coisa que a gente ama e odeia no orkut ao mesmo tempo). E foram férias que vi que ela curtiu bastante ao lado da mãe, da tia e do noivo. Sim, ela está noiva. E não, não fiquei sabendo por ela, mas já sabia há um tempo o que me trouxe uma série de tristezas mas tb me fez descobrir uma pessoa maravilhosa que se preocupa comigo e me ajudou. E com isso eu enfiei a cara no trabalho e estou colhendo frutos muito legais para minha vida profissional.
Nessa visita à página dela reli o depoimento que havia escrito em julho de 2005. Tenho certeza que foi uma das coisas mais lindas que escrevi. Não porque fosse um apaixonado, mas pela forma que escrevi desarmado, falando do que me fazia feliz com a presença dela, o quanto eu deseja que ela fosse feliz e o quanto eu torcia pela realização dos sonhos dela. E eu brincava com o dia do nosso aniversário (somos geminianos do mesmo dia, Murphy caprichou nessa) e falava da importância da minha vida na dela, embora a maioria das pessoas não pudessem entender, mas tinham que aceitar.
Eu não tenho o direito de constranger ninguém a me engolir nem por uma hora, quiçá uma vida inteira. Escrevi um e-mail simples, de coração aberto mesmo, informando que eu estava apagando o depoimento. No final do e-mail colei o depoimento, assim ela teria a opção de guardá-lo ou não. Conversando com meu Espelho sobre minha decisão, ele disse que fui muito elegante. Por isso o título desse post, pois acho que fui um lorde mesmo. Não fui egoísta, nem mesquinho e muito menos fiquei com picuinha. Mesmo achando que se eu escrevi algo para alguém e dei, o texto não me pertence mais, acho que foi uma boa decisão. Honrada, de homem. Humana.

segunda-feira, setembro 28, 2009

"Ele fortalece o cansado e dá grande vigor ao que está sem forças. Até os jovens se cansam e ficam exaustos, mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam" Is. 40. 30-31.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Um rolé pelo litoral do Ceará


Nesse final de semana e feriadão de 7 de setembro tive que viajar a trabalho. Mal, né? Que nada! Primeiro porque sou workaholic e amo o que eu faço. Segundo porque a equipe que foi comigo é muito bacana e terceiro porque o Ceará é MARAVILHOSO! Desbravar esse Ceará para as locações da campanha 2009 / 2010 do Turismo do Estado. Viva essa alegria!
Cobrimos todos os 574 km de litoral, de Camocim ao Icapuí. Vivi momentos maravilhosos, vi paisagens deslubrantes e, claro, alguma coisa que não gostei também. Jericoacoara é a cereja do bolo. Lugar paradisíaco, com lagoas no meio das dunas (Lençóis Maranhenses nem faz inveja), um por do sol deslumbrante, barzinhos jovens com bebidas relativamentes baratas, sinuquinha e gastronomia de dar água na boca! Comi um rondelli de tapioca com jerimum e carne de sol. Adoro essas comidas diferentes, que tem um gosto único e nos faz associar a magia do lugar em todos os sentidos.
Jeri era pura farra, fiquei na pousada Wind Jeri, que tem visual e serviço de primeira. Cheguei no horário de apreciar o por do sol na duna e saímos ao meio dia do sábado. Juro que me pareceu muito mais. Jeri é mágico e sim, quero voltar logo.
Em Flecheiras sobrevoamos o local onte está sendo gravado o NO LIMITE da Globo, a praia tem piscinas que se formam nos corais e uma das mais belas pousadas de charmes que já vi, a Pousada Orixás. Mas aí é pra quem pode, o quarto mais barato é R$ 890,00. A Pousada do Paiva ( O dono é uma figura, conheci na ABAV em 2007) é muito charmosinha e custa bem mais barato, R$ 150,00.
A Baleia também me surpreendeu, pois é uma praia um pouco deserta, com pousadinhas simples, com cara de casa da gente. Comi um peixe que nunca tinha nem ouvido falar, chamado Galo do alto. O prato era delicioso, suculento e tenro. Acompanhava um baião de dois caprichado, com muito queijo e uma pimentinha que intensificava o sabor.
Outra praia que achei muito legal foi o Mundaú. Nem tanto pela praia em si, mas pelo passeio que tem de catamarã no mangue. É um passeio de visual muito bonito entre o mangue e as dunas e tem um mirante charmoso que será inaugurado em breve, onde promete uma vida noturna com barrascas para drinks, água de coco, sucos e refrigerantes. Um local super agradável e família para namorar e curtir a vista.
O restante das praias, Taíba e Lagoinha são simples. Lugares legais, com infraestrutura na beira da praia para alimentação e pernoite.
Não gostei de Camocim. A cidade está mal cuidada e a tal Ilha do Amor tem um restaurante bem fuleragem.
Na segunda do feriadão partimos pelo litoral leste. Começamos com Águas Belas / Caponga, com um visual bonito, mas nada de encher os olhos. Seguimos direto para Praia das Fontes / Morro Branco / Uruaú. Como era feriadão esticado numa segunda-feira a praia tava o maior farofal. Eu como sou praticamente cria da Praia das Fontes sei o quanto a praia é bonita e fica deserta sem esses feriados emendados no fim de semana.
Depois seguimos direto para Canoa quebrada, que foi minha grande decepção. Escutava tanto as pessoas falarem de Canoa que eu achava que era do mesmo naipe de Jeri. Não é, nem de longe. A pousada que ficamos era mais ou menos, mas com um café da manhã bem legal. As pousadas que visitamos não tinham nenhuma vista legal do mar e mesmo assim
Aproveitamos que estava tendo o festival de curtas "Curta Canoa" e verificar o que vem por aí de carne nova no mercado. Fiquei triste que só pois tudo era muito ruim. Jantamos em um restaurante chamado Café Habana, com decoração temática de Cuba, mas que de comida cubana não tinha nada. Mas a comida era gostosa e tomei dois mojitos de hortelã muito bem feitinhos. Juntou um monte de publicitário na mesa e a conversa foi tão animada que se estendeu pro Bar Caverna. Um bar fuleragem, mas com cerveja barata e companhias agradáveis.
Depois de Canoa seguimos pra Icapuí, que tem sete praias de natureza quase intocável, como Tremembés, Melancias e Redonda. Comemos uma lagosta na beira do mar em um restaurante simples mas muito bem feito e tempero gostoso. A prefeitura fez um mirante com uma vista linda da fazenda de coqueiros e do mar.
Trabalho feito, exausto e com a perspectiva de que vem muita coisa boa por aí.
foto: Duna do Por do sol, em Jeri.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Marvel x Disney


A Disney comprou a Marvel e eu gostaria de ter uma opinião melhor formado sobre esse assunto. É o mesmo caso com a DC no grupo Time / Warner, eu pensava que ia dar um boom em seriados e filmes de heróis na época, mas esse boom ta acontecendo só agora e, vamos falar a verdade, esse boom só aconteceu por causa do X-MEN de Bryan Singer.
Fico preocupado com os filmes da Mulher Maravilha que parece que nunca chega. Que tal chamarem o Phil Jimenez pra orquestrar a bagaça na produção? Seria uma consultoria fenomenal.
Apesar de eu ter gostado mais do 1º Hulk que do 2º, acredito que "Avengers" será um filme do cacete e a DC devia correr para lançar LJA na mesma época, seria o verdadeiro duelo de Titãs.
Esperemos o que Homem-Aranha & Cia farão na Casa do Mickey.

terça-feira, setembro 01, 2009

Bem vindo Petrus.


Ontem o Petrus nasceu. Para quem não sabe é o novo afilhado, filho da Nabirra e do André e irmão do meu mala amado, o J.A..
Eu não sei explicar o que eu senti ao chegar no início da noite e ver aquela criaturinha pequena sendo trocado pela enfermeira. Eu sei que tb não sou muito de falar, e prefiro escrever, mas escrevi um cartão caprichado para os compadres agradecendo (uma vez mais) esse voto de confiança e esse ato de amor.
É o que falta em minha vida e os dois tem feito tão abundantemente para mim, com essas provas lindas e concretas do que realmente significa amizade. Peço a Deus serenidade e força para estar à altura da confiança, pois ser padrinho é coisa séria. Deus me livre ser para meus afilhados o que meu padrinho foi para mim: ausente.
Não existe coisa mais linda do que no domingo a noite estar conversando com o Compadre e ouvir o João André pedir para falar comigo e quando pega o telefone dizer "Eu te amo, Tio John". Pode ser bem piegas, mas a Mastercard tem razão: Não tem preço.
Bem vindo, Petrus. E como disse bem baixinho quando cheguei perto de você para lhe dar um cheiro e minha benção, me atrevo, como padrinho, a lhe conceder o dom da serenidade e da lealdade.

sábado, agosto 29, 2009

e o amanhã?

Tenho deixado a vida me levar em curso, sem fazer planos ou me preocupar com o adiante. Viver o hoje é interessante, mas ainda tenho medo de traçar alguns planos.
Profissionalmente a vida vai caminhando, me fazendo tomar decisões acertadas, ora tb erradas, mas me mostrando sempre o bom caminho.
Emocionalmente, a vida tem me reservado o nublado? É por querer tanto que não acontece?

segunda-feira, julho 27, 2009

A incapacidade de se apaixonar mata o ser humano. ponto.

segunda-feira, julho 20, 2009

Não faça assim. Não faça nada por mim. Não vá pensando que eu sou teu.

terça-feira, junho 09, 2009

Notícia boa.



É bom ver que tem coisa nova sendo feita.
http://punyparker.blogspot.com


terça-feira, junho 02, 2009

Um espírito amigo

Hoje sonhei com uma pessoa que já se foi há algum tempo.
Tão real, tão nítido. Me fazia um pedido que hoje acho um pouco impossível.
Como se fazer presente para alguém que não quer sua presença?

domingo, maio 31, 2009

Sardenta


Hoje a noite eu sonhei com você. E sim, como dizia aquela música dos pagodes que adorávamos ir, eu queria bem mais que sonhar. Resolvi escrever, e publicar aqui, para não ter que lhe mandar um e-mail. Bem a mim não faria. E aqui fica solto no tempo, esperando que um dia, talvez, você o descubra.

O sonho misturava meu trabalho, meu desejo recente de ir ao Cirque, Brasília e, claro, você. Como sempre você aparecia do nada. Inesperada, como sempre. Cansei de esperar algo de sua parte ou, como dizia Quintana "Será que nunca deixo de lembrar que te esqueci?".

Chorei muito no sonho e por mais que eu consiga achar que foi real a sensação das lágrimas salgadas tocando minha boca, o cheiro do teu cabelo, a luz que ilumina quando tu sorri eu sei que não foi verdade. Pior ainda, você nem sente o que eu sinto. Embora em meu sonho tenha ouvido palavras ainda duras, mas com saudade e a vontade de sermos amigos a realidade é bem diferente. Me pergunto como posso ter passado tanto tempo apaixonado amando uma pessoa que eu sei que não é egoísta, mas não tem coragem de viver o que sente. Que se arma com um muro para proteger seu frágil Palácio de Cristal. Você não tem coragem de dizer o que sente pra mim, prefere que eu viva acorrentado para sempre em teus grilhões. Ignorando toda a dor como se ignorando algo ela deixasse de existir.

Eu perguntava aquilo que mais incomoda, e você me dava uma desculpa tão vagabunda e amarela que meu sangue fervia, mas, inexplicavelmente, eu deixava de lado.

Meu sonho acabou com você partindo. As pessoas me perguntavam o porque de eu não acompanhá-la até o fim e eu ficava mudo mas pensava que deveria ter ido. Se acontecessem algo com você eu me sentiria péssimo, mas deixava você ir sozinha.

Não sei explicar o porque sonhei com você hoje, pois não era saudade, somente. Tens pensado em mim, será? Será que um dia irá conseguir se redimir comigo por todo o sofrimento que conscientemente me causou? Será que quero?

Eu só não sei o que fizeram comigo já que hoje ainda seria capaz de conviver com você. Eu conseguiria lhe perdoar, mas a que preço?

domingo, maio 24, 2009

30 e poucos

Ontem, apesar da noite divertida, me senti realmente com 30 anos (sim, eu sei que tenho mais de 30 e em alguns dias terei bem mais). Não é o fato de você ir para uma EVANAVE (ou Trivela, ou Flores ou qualquer das baladas baianas que eu simplesmente adorava ir) e ver que você conhece quase ninguém. Mas é o fato de ver que você não consegue mais ser parte daquilo ali. Eu continuo adorando o tipo de música, os amigos, mas não me sinto mais inserido naquele ambiente.
Será que virei adulto?

quinta-feira, maio 21, 2009

A solidão é opressora.

sábado, maio 09, 2009

deu branco


Vodka é o diabo. Bebida do satã.
Fala sério, mas eu adoro. E é justamente o que ando precisando: dar um branco na mente. Eu acho que já falei aqui a forma como minha cabeça funciona e ela anda tão cheia de coisas: prazos, idéias novas, preocupações, números, desejos... que eu ando realmente precisando tomar um porre de vodka pra falar merda e esquecer de tudo.
Alguém me chama?

segunda-feira, abril 27, 2009

Wonder Twins


Acabei de ter um novo sonho de consumo.

sábado, fevereiro 14, 2009

Era de Aquarius


Segundo os estudiosos a Era de Aquário começa hoje, dia 14 de fevereiro de 2009. Predi-se que será uma época de fraternidade universal, onde poderemos resolver os problemas sociais e o desenvolvimento intelectual e espiritual.

E o legal de tudo isso é que vem de várias frentes: ideológicas, astrológicas e até cristã. A própria igreja se refere a Era de Aquário como uma época em que os cristão vivenciarão os ensinamentos de Cristo.

É mencionado em Mateus 13:11 e Lucas 8:10. Esta era é vista como uma preparação intermédia para a Nova Galiléia : os "novos céus e uma nova terra" que virá num tempo futuro não identificado. Na Era de Aquário que se aproxima é esperada a vinda ("está vindo") de um grande Instrutor espiritual através da escola que funciona como arauto desta era, num esforço "para dar à Religião Cristã um impulso numa nova direcção".

Então vamos começar logo esse período e dê um abraço verdadeironos seus amigos. Perdoe. Ame. Eu mesmo tenho que exercitar mais a nova era em mim msmo.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009



Feliz que só quando a coleção fica maior.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Ta-hí, eu fiz tudo pra você gostar de mim...


Hoje é o centenário de uma das maiores musas que o Brasil já teve com projeção internacional.
Nascida Maria do Carmo Miranda da Cunha, mas desde pequena já chamada de Carmen, pois seu tio a achava parecida com a diva italiana de Ópera, nasceu em portugal mas veio bem pequena para o Brasil.
A primeira imagem que tenho da Carmen Miranda é daquele desneho animado "Alô Amigos" (acho que o nome era esse) onde o Pato Donald, junto com aquele galinho mexicano, vinha ao Rio de Janeiro e Walt Disney apresentava o Zé Carioca.
Visualmente Carmen Miranda sempre estará em nossas lembranças. Já faz parte do imaginário popular e ainda tem jargões como "Se quer aparecer coloca uma melancia na cabeça", fazendo menção à verdadeira salada de fruta que ela usava na cabeça.
Rever algumas apresentações dela hoje é impossível imaginar que a pequena notável envelheceu (e morreu). O corpo esguio, a dança dos quadris, o manejar das mãos e a bocarra vermelha me remete sempre à modernidade. Posso dizer que a barriguinha à mostra em pleno anos 30, faz dizer que Carmen Miranda foi nossa primeira musa do Tchan.
Mesmo debilitada, Carmen Miranda ainda fez uma de suas apresentações em um programa de televisão. Mal sabiam que, horas mais tarde, a cantora faleceria de infarto em sua casa aos 46 anos. Ta-hí, o mundo ainda precisa de uma Carmen Miranda.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Fortaleza, Ceará - Sede da Copa de 2014.



Participar de um trabalho, na verdade uma verdadeira operação de guerra, para trazer a Copa de 2014 para Fortaleza - que me perdoe a Mastercard - NÃO TEM PREÇO.

Campanha da Slogan Propaganda.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Ah, as mulheres...

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Camisetas com conteúdo.



Eu sempre fui apaixonado por camisetas de malha. Era cliente assíduo da finada Company (não sei nem se ela ainda existe), das camisetas às famosas mochilas que 9 entre 10 estudantes da era oitentista usavam. E sempre gostei de usar camisas únicas, que expressassem algo, que tivesse haver comigo. Então um dia eu conheci a Sambaclub.

De imediato me apaixonei por várias estampas, e pedi duas para testar malha, forma, etc. É super fácil navegar no site, visual clean, daqueles sites que dão gosto mesmo. Pedi minha encomenda como PAC, que normalmente demora oito dias úteis e ela chegou por um tal de e-sedex, no outro dia. Já tinha achado aquilo o máximo! Um ponto a favor da Sambaclub. A embalagem é feita em um saco de pão personalizado, uma solução charmosa e barata.

Quando abri minha blusa a GG ficou pequena, apertada na região da barriga. Fiquei arrasado, minha camisa supimpa não tinha ficado legal e eu ia precisar de pelo menos duas semanas de dieta pra ela ficar legal em mim.

Diga-se de passagem que essas duas semanas de dieta nunca existiram. Dei até as camisas de presente, afinal o Natal servira pra isso mesmo. Porém não me contentei com aquilo e passei um e-mail pra Sambaclub, falando que a camisa tinha ficado apertada e se não existia alguma previsão de um formato maior.

No mesmo dia estava saindo de uma reunião quando meu celular tocou e um rapaz chamado Thiago, muito educado, perguntou se eu poderia conversar com ele sobre a Sambaclub. Como publicitário eu adoro receber esse tipo de ligação para ver como as empresas estão trabalhando sua comunicação corpo-a-corpo com o cliente. Pessoalmente eu havia gostado bastante do rápido retorno. Demonstrava interesse e acima de tudo, confiança.
Thiago me informou que eles já haviam aumentado a medida da blusa GG e perguntou se eu estava interessado em comprar alguma camisa, que se eu estivesse e a camisa ficasse apertada ele me ressarciria.

Não tive dúvida e comprei uma camisa e o tamanho dela ficou super legal. Voltei ao site e comprei mais três camisas. Não tenha dúvida que eu ainda vou comprar mais e indicar o site para mais pessoas e muitas vezes.

Mais que isso, quando o fornecedor é honesto, tem material de qualidade e cumpre os prazos faço questão de trabalhar com ele. Mais ainda, quando sou eu o cliente, é que me sinto na obrigação de tornar público o bom nome da empresa.

Só tenho a dizer que para uma empresa que aparentemente só vende pela Internet, ela conquistou minha credibilidade. É desse tipo de fornecedor que os consumidores precisam.
Parabéns Sambaclub, virei cliente.

domingo, fevereiro 01, 2009


Corey Vidal

Uma das melhores coisas que vi no youtube ultimamente.

Alguém contrate esse rapaz para uma propaganda de creme dental.


sexta-feira, janeiro 30, 2009

Dino & Eu


Quando pequeno eu sempre sonhei em ter um cachorro, havia tido duas tentativas frustradas com um Dobermann e um Cocker. Minha mãe tinha sido a vilã nas duas para que eles fossem embora (acho que 9 a cada 10 mães são contra os cachorros) de casa. O Duque havia quebrado a pata e minha mãe não quis ficar com um dobermann dentro de casa, a veterinária ficou com ele. O Leão foi pura frescura, ela entrou na cozinha e ele uivou e desde então ela dizia que era sinal de mau agouro.
Eu queria um cachorro mais do que qualquer coisa na vida, mas meu pai, apesar de querer que tivesse um cachorro em casa também, só fazia as coisas com o consentimento de mamãe (talvez por isso eu seja um pouco transgressor).
Quando nos mudamos para Fortaleza ele convenceu mamãe a nos deixar criar um cachorro e chegou, no dia 11 de fevereiro de 1991, com o Dino a tiracolo em casa. Ele tinha quase um mês, era pequenininho e sua lambida cheirava a leite.

Dino era um daschund preto de olhar vivo e bem atento. Gostava de ficar cheirando embaixo dos móveis, cantos de paredes, embaixo das camas e passava o dia andando pela casa fuçando o chão e olhando para o teto, sempre a procura de alguma coisa. Era incansável nessa guarda, se via algum bicho estranho o barulho de suas unhas no piso aceleravam e ele começava a latir. Moscas grandes, víboras, lagartixas, rãs e passarinhos eram alvos constantes de seus sinais de alertas.
Acho que por ter esse espírito guardião o Dino era um pouco arredio. Não gostava de ser posto no braço, odiava tirar foto e que ficasse longos minutos sendo acarinhado. A melhor brincadeira, pra ele, era correr e saltar. Eu costumava ficar chamando seu nome e deitava no meio da casa, ele vinha em uma corrida louca e saltava sobre meu corpo. A medida em que ele ia saltando eu ia dificultando as coisas, obrigando que ele saltasse cada vez mais alto. Então uma hora ele cansava e me esnobava, ia deitar longe, geralmente pegando um sol.
Não quero dizer que por ele não ser daqueles cachorros que ficam atrás de você o tempo todo ele não era um bom cachorro. Dino era maravilhoso! Naquele jeitão dele conseguia demonstrar o quanto me amava. Lembro quando papai morreu e cheguei em casa triste e fui para o meu quarto. Encostei a porta e me deitei na cama olhando fixamente para o teto. Eu era apenas um garoto de 14 anos e não conseguia digerir a história que meu pai, meu pai-herói, não ia estar mais comigo desde então. Ouvi uma batida na porta, mas não me levantei. Depois ouvi duas, três e a porta se abriu. Me virei na cama para olhar quem estava fazendo o barulho e o Dino entrou pela fresta, caminhou até mim, pulou na cama e deitou-se ao meu lado. Passei a mão no seu focinho, acarinhando entre seus olhos e comecei a chorar. Ali estava o único amigo verdadeiro que eu tinha em Fortaleza.
Dino viveu 17 anos. É tempo demais para um cachorro, dizem. Acho que para quem ama não existe essa expressão "tempo demais". Quando o Dino ficou velhinho, seus dentes quase todos amarelados com uma crosta de tártaro estavam infeccionados, fiquei desesperado quando a veterinária disse que ele tinha duas chances de sobreviver da infecção. Uma ele viveria mais uns três, quatro meses com a infecção ou ele poderia operar e morrer por conta da anestesia. "Mas ele tem chance de sobreviver à cirurgia, não é doutora?". Ela afirmou que sim, mas por conta da idade, na época com 14 anos, ela achava difícil. Dino era muito saudável, só ia ao veterinário para tomar suas vacinas anuais, nunca teve problema de nada.
Topei por fazer a cirurgia, deixei o Dino no consultório as 15hs e voltei pra casa. As 23hs a Dra. Márcia me liga dizendo que correu tudo bem, mas que só poderia dar certeza pela manhã. As 09h00 ela me liga novamente mandando buscar o Dino, quando perguntei se ele estava bem, ela me respondeu que ela quase não dormiu de noite com ele tentando pegar a cachorra dela que tava no cio.
Nessa época eu já tinha a Hannah, a cocker dourada que virou fácil o xodó lá de casa, que aparenta ter emoções tão humanas, mas tão humanas que as vezes eu espero que ela fale alguma coisa quando pergunto algo. Quando o Dino chegou em casa, o coloquei no meu quarto na sua caminha e fiquei fazendo carinho na sua testa. Hannah entra no quarto, espia de espreita, e como se dissesse "vim ver como está meu irmão", anda até o Dino e o cheira.Sobe na minha cama e fica comigo, velando por ele.
O último ano de vida do Dino foi bem difícil, ele já não andava como antes e eu já havia notado que ele enxergava mal por conta da catarata e até mesmo seu olfato e audição que eram excelentes já não estavam grande coisa. Ele só me ouvia se eu gritasse, se eu jogasse algum pedaço de carne pra ele as vezes tinha que direcionar para próximo do focinho, pois ele demorava a encontrar. A dificuldade que ele tinha para se levantar e deitar me mostrou o início de uma artrose.
Minha mãe perguntou se não deveríamos sacrificá-lo, pois achava que ele estava sofrendo. "Ele não está sofrendo, mãe" - respondi - "ele está velho". Eu o cerquei de cuidados o quanto podia. Comprei uma ração mais molinha, mas ele não gostava. Mesmo tendo arrancado 80% dos dentes, ele queria a ração durinha. Eu as vezes ficava um longo tempo olhando ele comer pra ter certeza que era ele que limpava sua tigela e não a Hannah, sempre gulosa.
Por conta da idade Dino urinava muito e já não mais levantava a perna. Como eu passava muito tempo fora de casa eu pedia paciência para a empregada. "Ele está velhinho, cuida bem dele", "tenha paciência, por favor", "deixe limpo, sei que é chato, mas faça por ele". Nunca tive problemas com isso, pois a Deuzi está lá em casa há 20 anos e viu o Dino crescer, ele era tão meu quanto dela.
Um dia de noite eu acordo com ele uivando, me levanto rápido e vou até a cozinha. dino estava em pé, com a respiração arfante e sem paciência. O pego com carinho, deito em sua caminha, enrolo com uns panos e faço carinho até ele se acalmar. Naquela hora eu senti que ele iria me deixar. Me perguntei, no trajeto até meu quarto, se deveria levá-lo ao veterinário e achei melhor não. Ele estava velho, debilitado, qualquer coisa que eu fizesse seria somente para estressá-lo e adiar um pouco o que seria inevitável. Deitei em minha cama e rezei, pedi para que meu pai fosse buscar o último presente que havia me dado com carinho.
Acordei de manhã com minha mãe sentando na minha cama e dizendo que achava que o Dino havia morrido. Me levantei e corri até a cozinha, ele estava deitado embaixo da pia, fora de sua caminha. Me agachei e chamei por ele e passei a mão em sua cabeça. Dino deu um pequeno suspiro e eu o coloquei em meus braços. Me sentei no chão e fiquei cantando "Casinha Branca". Dino morreu nos meus braços no dia 03 de fevereiro de 2008.
Corri pro meu quarto e comecei a chorar, Hannah pulou na minha cama e ficou me lambendo. Me levantei, peguei uma camisa do Super-Homem e o enrolei com cuidado. Fiz questão eu mesmo de cavar sua cova e o coloquei cuidadosamente no chão.
Meu amigo se fora, mas de onde eu estiver eu sei que ele cuidará de mim. Desconfie do caráter de quem não gosta de animais, não existe amor mais puro e leal do que um homem e seu cão.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Se eu fosse...



Se eu fosse uma hora do dia, seria o entardecer, o inspirador pôr-do-sol em minha amada Brasília, cheia de cores e matizes a dançar no céu de Niemeyer...
Se eu fosse um astro, seria uma estrela cadente, daquelas raras que apontam no céu com a promessa de realizar desejos...
Se eu fosse uma direção, seria um atalho, repleto de possibilidades e destinos e talvez servindo de abrigo para o Lobo Mau...
Se eu fosse um móvel, seria uma cômoda antiga, feita de carvalho e detalhes de bronze, ostentando entalhes rebuscados, perfumes caros, gavetas emperradas e um velho e manchado espelho – com alguns reflexos distorcidos, mas verdadeiros.
Se eu fosse um líquido, seria Coca-Cola, vibrante, unânime, comercial e, claro, metido à besta...
Se eu fosse um pecado, seria a luxúria, dando beijos fugidios imprensados contra paredes e deslizando dedos por baixo das blusas...
Se eu fosse uma pedra, seria um mármore, lustroso, nobre e escorregadio...
Se eu fosse uma árvore, seria um carvalho, imponente, de madeira sisuda e competente, fazendo frondosos descansos e móveis de vida eterna...
Se eu fosse um fruto, seria um sapoti, maduro e adocicado, saboroso, para se comer usando as duas mãos...
Se eu fosse um clima, seria uma névoa, soturna e acolhedora, escondendo os raios de sol que inauguram a manhã...
Se eu fosse uma flor, seria um girassol, incompreendido, muitas vezes solitário, buscando sempre a luz do sol para iluminar suas inspirações...
Se eu fosse um instrumento musical, seria uma gaita de boca, cheia de ginga e malandragem, ares de sacana e arma de conquista...
Se eu fosse um elemento, seria a água, cristalina, pairando entre a dubiedade do doce e salgado, envolvente – berço de sereias e casa dos piratas...
Se eu fosse uma cor, seria o verde – cor viva, transmite paz, representante da natureza, das matas e da esperança...
Se eu fosse um animal, seria uma águia. Vôo majestoso, dançando nas correntes de ar e rasgando os céus como uma navalha na hora da caça....
Se eu fosse um som, seria o de um trovão, alto e reverberante, que assustam a alguns e fascinam outros, trazendo doces lembranças das paisagens vista das janelas, onde correm serelepes gotas ao seu encontro...
Se eu fosse uma música, seria alguma das clássicas do Barry White, voz grave e melancólica, oscilando entre o trovão e o sussurro falando de amor, tipo “You’re my first, my last, my everything”...
Se eu fosse um estilo musical, com certeza seria um jazz, incompreendido, daqueles mais viscerais...
Se eu fosse um sentimento, seria a saudade. Doída para os solitários e alegre para os que reencontram...
Se eu fosse um livro, seria “Mar Morto” do Jorge Amado, recontando histórias praieiras e cantando canções à beira-mar ...
Se eu fosse uma comida, seria um churrasco, picanha sangrenta assada na brasa despertando apetites e saciando vontades...
Se eu fosse um lugar, seria o topo de alguma montanha, isolado, acolhedor e imponente, desafiando ser conquistada...
Se eu fosse um gosto, com certeza seria o gosto das novas descobertas...
Se eu fosse um cheiro, seria o da terra molhada de chuva...
Se eu fosse uma palavra, seria conquista, pois é o desejo da conquista que impulsiona o desbravador...
Se eu fosse um verbo, seria aconchegar, para aninhar a mulher amada em meus braços...
Se eu fosse um objeto, seria uma mochila, daquelas de estimação, na qual se carregam escovas-de-dente, mp4, bloco de notas, canetas, velhos mapas, uma muda de roupas e sonhos para noites de verão...
Se eu fosse uma peça de roupa, seria um terno italiano, de cor sóbria, risca-de-giz impecável e corte perfeito, elegante e intimidador...
Se eu fosse uma parte do corpo, seria um par de mãos, curiosas, inquietas, fazendo cócegas, fazendo carícias, dando beliscões...
Se eu fosse uma expressão facial, seria o sorriso tranquilo, acordando satisfeito após uma noite de prazer...
Se eu fosse um personagem de HQ, seria o Super-Homem, preocupado com o bem estar de todos, capaz de mover o mundo com as mãos...
Se eu fosse um filme, seria “Moulin Rouge”, poder, sofisticação, belas mulheres, cassinos e romance, tudo entre uma taça de champagne e uma canção...
Se eu fosse uma forma, seria um triangulo, arestas, bases e vértices se cruzando no infinito de possibilidades....
Se eu fosse um número, seria o 5, base redonda, quase grávido, à espera de algo que o complemente...
Se eu fosse uma estação, seria o verão, com suas praias, surfistas, natureza e marcas de sungas e biquínis...
Se eu fosse uma frase, seria “... Depois, se acaso a glória entrar pela janela, a César não dever a mínima parcela, guardar para mim a gratidão mais pura. Enfim, sem ser a hera - a parasita obscura - nem a seringueira - gigante no caminho - subir, não muito, sim; porém subir sozinho!" (Edmond Rostand - Cyrano de Bergerac)

Heath Ledger


Eu estava distante do blog quando o Heath Ledger morreu e acabei fazendo nenhum comentário. Senti a necessidade de fazer isso agora, mesmo um ano após sua morte, diante de todo o borburinho se ele vai ou não concorrer ao Oscar.

Se ele vai concorrer ou não vai, não importa. Sério mesmo, não importa. Eu acho que a glória que ele precisava para a carreira dele ele já teve. Digo isso como fã de cinema e alguém que não acreditava no trabalho dele.

Não acreditava e explico: Heath Ledger não era bonito e nem charmoso. Tinha aquela cara de cachorro abandonado que as mulheres gostam, mas não era um cachorro bonito. A falta de charme dele não pode ser comparada com o charme dos atores de antigamente e mesmo que peguemos um ator novo para referência (um Zac Efron de High School Musical ou até mesmo um Ashton Kutcher), ele não tem charme nenhum. Heath Ledger era um cara comum, de beleza comum e até então o achava um ator mediano.

A escolha de filmes adolescentes pipoca como "Coração de Cavaleiro" ou comédias românticas açucaradas como "Dez Coisas que Odeio em Você" mostravam que o ator desejava ser um "galã", mas para mim a cara de nerd que ele tinha renderia sempre papéis como o de "Os Irmãos Grimm".

Então eu fui assistir "Brokeback Mountain". Todo o falatório em torno do filme já ia garantir uma boa visibilidade para qualquer ator que tivesse ficado com um dos papéis principais. Até apostei que Jake Gyllenhaal, que tinha o ótimo "Donnie Darko" no currículo, o apagaria durante o filme. Foi então que eu percebi o quanto estava enganado. O Ennis DelMar de Ledger era profundo, denso e tão charmoso quanto um Paul Newman. Covardia foi a academia não entregar a estatueta dourada para ele. Puritanismo puro da americanada.

Então, me lembro bem, quando eu li a notícia de que ele seria o Coringa em Dark Knight. Fiquei surpreso, era ousado demais para o cara que parecia escolher seus papéis em uma linha de personagem. Como fã de quadrinhos eu me perguntei se Ledger estaria apto a fazer um papel tão denso, visto a direção que Christopher Nolan dava a franquia. Lembrei do Ennis DelMar e ao contrário de muita gente fiquei quieto.

Também não acho que o papel deveria ser reprisado pelo Jack Nicholson. Alguém devia dizer pra ele "Ei Jack, você é um puta ator, mas tem papéis que você já está passado". Achei as primeiras impressões do trailler ruins. Não era o Coringa que eu conhecia e muito menos um Coringa que eu gostaria de ver. Na minha opinião, a loucura do Coringa serve para constratar com o ar soturno do Batman. São os antagonistas supremos tendo a racionalidade e a loucura extremas uma de cada lado.

Fui assistir o filme e amei. Ledger rouba a cena juntamente com Aaron Eckhart e a irmã de seu outrora par romântico, Maggie Gyllenhaal. Christian Bale passa pelo filme como um mero coadjuvante, a escolha de voz metalizada e a armadura de espuma foram over na minha opinião. Aquele foi o grande momento de Ledger e garantiu junto com Brokeback o rosto do ator para a imortalidade.

Escrivinhei esse post relativamente grande só para finalizar com essa frase "a tristeza que sinto pela morte de Heath Ledger e pela dúvida do que ele poderia ainda fazer". É muito ruim a gente não poder imaginar até que patamar alguém poderia ter chegado.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Big Brother Brasil


Eu juro que nunca pensei em falar sobre Big Brother. O único que eu gostei foi o primeiro, em que eu me acabava de rir com a Leka (e a impagável performance do boquete no copo de vidro). Mas confesso que sempre nos finalmentes, lá pelo meio do programa, eu acabava assistindo para poder ter assunto em mesa de bar.

Esse BBB9 eu não esperava nada, a mesma chatice até o pessoal se organizar e ficar maquiavelando uns contra os outros, mas me surpreendi. Mais ainda, me surpreeendi positivamente. Eis a prova que a Globo colocou a galera para pensar e criar uma nova fórmula pro programa. A idéia do muro foi genial. Colocar os dois sessentões seria um fiasco se eles não tivessem o perfil de quem realmente se porta aos sessenta anos. Digo isso porque tenho mãe e tios sessentões que nem em dia de lazer na casa de praia somente com a família e amigos se portam dessa maneira.

Agora o melhor do BBB9 se chama Big Bosta Brasil . Rede Globo, contrate esse pessoal, mesmo quem não acompanha o programa se diverte horrores com os comentários. Por mim já concorre ao emlhor do ano, e olha que 2009 mal começou.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

A falta de limite da modernidade.


Inspirado pelo Cardoso resolvi relatar um acontecimento que aconteceu anos atrás.

Não existe nada pior que criança chata. eu mesmo era bem chatinho, mas um chato divertido. Acima de tudo, não era desobediente e isso já é um bom alívio. Eu era o tipo da criança estilo "Joãozinho" das piadas, então eu tinha uma tênue linha entre o chato e o sabido.

Mas eu vim falar de crianças chatas, que Graças a Deus meu afilhado não é, que não tem limites, não respeitam os outros e tem um pequeno reizinho na barriga.

Estava minha mãe e eu na fila do supermercado, ao lado um senhor de aproximadamente cinquenta (sem trema, viu Lula?) e cinco anos com seu carrinho de supermercado semi-cheio. Atrás dele tinha uma mãe de aproximadamente seus 30 e poucos e seu filho de uns 6 anos. A criaturinha irritante ficava tacando o carrinho dele no carrinho do senhor e ria alto. Incomodado com aquilo o senhor olhou pra mãe, que fingia nada ver, e reclamou direto com a criança pedindo para não fazer isso.

O menino, claro, não obedeceu e continuou a bater seu carrinho no do senhor. Eu não lembro quantas vezes o menino fez isso, mas se fazia de inocente quando o homem o fulminava com o olhar e repetia a dose quando ele se virava. Incomodado com isso o senhor gritou com a mãe "A senhora não ta vendo que seu filho está incomodando?". A mulher olhou para ele e respondeu que o menino era uma criança e que as crianças tem que ter liberdade para fazerem o que quiserem.

O supermercado inteiro emudeceu pra ver a discussão. O senhor ficou calado, olhou para a mulher e virou-se. Pegou uma garrafinha de água mineral, abriu, tomou um gole. Quando viu que a mãe não tava prestando atenção derramou a garrafinha d'água na cabeça da criança. A mulher ficou louca, a criança abriu o berreiro e a mãe começou a gritar com o homem perguntando se ele era louco. O senhor olhou pra ela e gritou bem alto "Não sou louco, eu apenas fui uma criança que tive liberdade pra fazer o que queria". Essa hora foi massa, o supermercado começou a aplaudir o homem e a mulher constrangida foi embora sem ter passado suas compras carregando o chatinho chorão nos braços.

É esse tipo de atitude que falta nas pessoas hoje em dia. Possivelmente essa retardada meteria um processo no homem alegando constrangimento, um juiz de bom senso diria FODA-SE.

Onde o mundo vai parar se todo mundo só se preocupar em levar vantagem?

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Odeio pessoas invisíveis.


Tem uma coisa mais chata do que aquele chamado de "atenção" no msn e ele se chama "modo invisível". Podem me chamar de chato, intrasigente ou o que for, mas eu odeio pessoas que usam desse modo. Odeio e explico porque.

Porque eu, que fico online, tenho que responder uma pessoa que entra no modo invisível? Eu acho o cúmulo a outra pessoa da conversa, aquele que é necessidade para se estabelecer um diálogo, decidir se ela quer ou não falar comigo. E se eu quiser falar com ela, como eu faço?

Se não pode ou não quer falar a boa educação manda um "não posso falar agora" ou "estou ocupado" e se resolve o assunto. Pessoas sem bom senso ou que precisem tomar um chá de semancol diariamente são facilmente resolvidas com um bloqueio.

Tava conversando com meu amigo Fabão, que bom orador e advogado, fez uma pesquisa na wikipedia acerca do que o último filósofo da era moderna, Kant, corrobora com a minha linha de raciocínio.

As nossas obrigações morais podem ser resultantes do imperativo categórico. O imperativo categórico pode ser formulado em três formas, que ele acreditava serem mais ou menos equivalentes (apesar de opinião contrária de muitos comentadores):

§ A primeira formulação (a fórmula da lei universal) diz: "Age somente em concordância com aquela máxima através da qual tu possas ao mesmo tempo querer que ela venha a se tornar uma lei universal".

§ A segunda fórmula (a fórmula da humanidade) diz: "Age por forma a que uses a humanidade, quer na tua pessoa como de qualquer outra, sempre ao mesmo tempo como fim, nunca meramente como meio".

§ A terceira fórmula (a fórmula da autonomia) é uma síntese das duas prévias. Diz que deveremos agir por forma a que possamos pensar de nós próprios como leis universais legislativas através das nossas máximas. Podemos pensar em nós como tais legisladores autônomos apenas se seguirmos as nossas próprias leis.

De maneira mais simples: Age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma legislação universal.

Se eu ficar brincando de Deus, decidindo com quem vou falar e na hora que quiser e todo mundo resolver brincar de Deus também, não existirá mais diálogo. O papo morre, as pessoas não mais interagirão, foi-se o elo. FIM.